sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Viva o Trompete!

Não, não estou falando de Louis Armstrong (louvado seja o seu dom!), mas de um inovador, de alguém que trouxe uma melodia diferenciada a um instrumento tão singelo e, ao menos tempo, tão profundo: o trompete.
Trompetista solo, Chris Botti é da linha do chamado smooth jazz, uma variante mais acessível do jazz, conhecida por suas notas mais suaves (‘smooooooth’) e sonoridade agradável. Tem expoentes como David Sanborn (sax) e George Benson (guitar) e trabalha num tom mais sutil, mais gostoso de ser ouvido.
Na sua tentativa única de trazer uma fragrância diferenciada, com arranjos diferenciados, Botti enaltece a sua intenção de misturar melancolia com sofisticação (daqui provém a leveza da sua música), para levar ao público algo com que eles possam se conectar, que possam ouvir e sentir a beleza dos arranjos e sorver a pureza do som.
"To me, music that breaks your heart is the music that stays with you forever. It's one thing to be melancholy and one thing to be sophisticated, but when you get the two of them together in a way people can relate to, then I think you're on to something. You want the sophistication to lie in the purity of the sound, the beauty of the arrangements, and the quality of the performances."
Seu último disco (“Italia”), lançado em setembro deste ano (2007), aborda algumas relíquias de um país onde as torradas com alho se misturam com alegria e ao prato principal desde Blog (‘spaghetti et basilic’), acompanhado (em uma das faixas) por Andrea Bocelli, chegando ao final com um ‘Nessum Dorma’ antes não ouvido (lembram do nosso amigo Pavarotti?). Aliás, é uma boa mania de Botti essa “interlocução” com outros artistas de volume, como no seu álbum “To Love Again” (2005) e “When I Fall In Love” (2004), que recomendo.
Não existe aqui a pretensão de fazer uma análise crítica sobre a composição musical de Chris Botti, não é essa minha aptidão ou interesse. Não tenho porte para esse tipo de atitude e o que quero é indicar e dividir (para ao final somar) o que considero além de audível, já na linha do apreciável e de extremo bom gosto. Ora, o que é bom precisa ser contado, multiplicado! É a mudança do paradigma – os humanos são conhecidos por falaram da tristeza e das infelicidades da vida, na fala de que “ser feliz é difícil” e de não dividir o que é bom (egoísmo). Escuso-me, mas cá entre nós: o difícil é ser infeliz, ter uma vida triste, sem sal.... isso sim é complicado! Já viver bem é fácil, sorrir é fácil... e a mudança começa no entender desse sentido: por que falar do que não gostamos? E por que o que gostamos é tão difícil de se conseguir? Se sempre fizemos assim e até agora não deu certo... mexer nesse time pode ser uma boa proposta. Que tal?
Mas voltemos ao Chris Botti: na minha singela opinião, não podem ser descartados em hipótese alguma os álbuns “A Thousand Kisses Deep” (2003), “Night Sessions” (2001), tampouco a coletânea “The Very Best Of” (2002). Eu sei que coletânea é na maioria das vezes um exagero mais exigido pelas gravadoras que pelos músicos, contudo, este é um exemplar diferenciado –indicado para um dia de movimento, com os seus ritmos entrelaçados por uma bateria ritmada (experimente a faixa “regroovable” e “drive time”), serve até para dias de chuva (como nos álbuns mais românticos), mas experimentem para um final de dia de trabalho – ligue lá pelas 18:48h e mande ver com um café novo no terceiro turno dos afazeres intelectuais! Depois me contem como foi...
Levem Chris Botti para um test drive, qualquer um dos seus discos vale a pena ou, como dizem os especialistas, “each of Botti's individual discs are worth hearing”. Enjoy!

3 comentários:

Eugênia Pickina disse...

Querido,
seu texto, com "fundo" musical, exercita em nós, os ouvintes, o prazer da música, além de revelar um texto esteticamente suave, marcado pela leveza e o gosto da existência. Obrigada por isso. Continue seus acordes que sabem dar cadência às letras... Do seu amor. E.

Anônimo disse...

Marcos...despertou em mim uma curiosidade imensa em conhecer as músicas...uma boa pedida para esse final de ano. Adorei sua escrita!
Até mais...

Anônimo disse...

olá Marcos,
como você sabe, já utilizamos o prazer deste som,aliás graças a você mesmo pela indicação.Parabéns pela matéria "fácil de ouvir"
Nina