quarta-feira, 29 de abril de 2009

Impressões musicais: Incanto, de Andrea Bocelli

Não há muito o que dizer – que já não tenha sido dito – sobre Andrea Bocelli. De fato, ele é mesmo sensacional.

Este álbum, lançado em novembro/2008, tem um todo “encanto italiano”, desde as músicas mais românticas até os rompantes ritmados da música italiana como funiculi funicula e marechiare (maravilhoso!).

Este é o tipo de álbum que escuto para elevar a freqüência. Os arranjos estão muito bem alinhados (um todo conjunto musical acompanha a melodia encantada de Andrea) e o ponto mais forte é a própria influência italiana, que transporta o ouvinte para um outro mundo, vale a pena!

Digo ainda que combina com diversos tipos de ocasião, não só para a escuta isolada ou o acompanhamento enquanto se prepara uma massa (!!). É certo que não me enquadro no perfil costumeiro, mas dias atrás escutei quase o álbum todo enquanto reformava uma bicicleta encostada na garagem.

O interessante de quando se escuta música é perceber a influência energética que ela produz. Gosto todo mundo tem e cada um com o seu (lembro da velha piada da “mulher chupando sabão”). Mas o importante é que música boa é aquela que traz uma freqüência boa. E como saber se a freqüência é boa ou não? Basta observar o seu sentimento enquanto ouve a dita cuja. Simples assim. O que você sente? É tristeza, raiva, ansiedade, distanciamento, as lembranças não são boas?.... se é assim, algo não parece estar certo, parece?

Bocelli canta Voglio vivere cosi, col sole in fronte e felice canto, beatamente....Gosto de frisar que a felicidade é um direito e o destino de todos. Procure, portanto, escutar o que traduz e produz bons sentimentos e momentos de alegria e felicidade, lembrando que euforia não é harmonia, e possui um outro motivo mascarado por baixo dessa sensação.

Somado a isso, e em memória do que li nesta semana (clique aqui), William James diz que aqueles que se preocupam em tornar o mundo melhor poderiam começar por si mesmos. É a velha estória de fazermos a nossa parte para, mais adiante, juntarmos tudo e fazermos juntos.

Boa música!

Saudações!

 

* Os Links acima remetem direto para o iTunes. Se já possuírem instalado, basta clicar 2x na música e ela começará a tocar. O programa de instalação pode ser encontrado aqui, normalmente no canto direito da tela. Insisto, vale a pena experimentar !

** Quem não tem iTunes e também não quer ter, as músicas do Bocelli podem ser ouvidas no próprio site dele (aqui).

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sobre a Era do Imediatismo

Estava lendo um artigo na revista Wired deste mês (link) e deparei-me com a expressão age of immediacy e fiquei a pensar como – muitos de nós – agimos automaticamente na busca incessante de adquirir (volumes), avançar fases (da vida, do jogo, do filme) e angariar informações.

O imediatismo proporcionado pelas maravilhas de que tem acesso à tecnologia, por exemplo, pode trazer consigo sintomas de excessos, de ansiedades e impaciência, e isso tudo sem que se perceba.

Tudo bem, informação nunca valeu tanto quanto antes, mas, o que realmente vale é informação de VERDADE, não balelas ou compilações estilo Wikipédia*, sem origem e sem confiança.

Por que ansiedade e impaciência? Ora, basta pensar nessa necessidade de se obter o mais rápido possível a informação ou o dado desejado.

O público, antes ignorante de informações pela falta de, hoje tem facilidade de acesso a um mundo vasto de detalhes e dados, mas busca respostas imediatas e objetivas (poucas linhas, poucas páginas, poucos megas) – o site Twitter, de relacionamento social, cresce absurdamente nos EUA, onde os seus usuários comentam os momentos dos seus dias em frases de até 40 caracteres, ofertando a opção de “seguidores” (followers), pessoas que ficam conectadas umas nas outras para saberem de seus comentários, ideias etc. Portanto, hoje são ignorantes pelo tipo de informação absorvida. Basta uma pesquisa rápida e pronto, já estou satisfeito sobre este remédio, esta doença e esse assunto. Posso até fazer um manual sobre determinado tópico – do qual eu não domino, mas fiz uma boa pesquisa compilada – e publicar um livro. Que tal??

A Era do Imediatismo realmente assusta. Creio que pode ser fruto do próprio movimento do consumo, pois percebe-se um liame entre os conceitos: adquirir e de forma rápida.

Eu mesmo não estou tão afastado disso. Confesso, antes ficava horas em lojas de discos procurando aqueles álbuns especiais para sair orgulhoso de ter encontrado algo que não conhecia, algo novo, especial, para degustar ao longo dos meses. Hoje, quase não encontramos lojas assim. Não estou reclamando, ao contrário de antes – quando ouvia o cd logo em seguida ao sair da loja – às vezes levo semanas, até meses, para ouvir minhas últimas aquisições, mesmo assim, tão fáceis e disponíveis em minha biblioteca digital. O mesmo se pode dizer sobre os quilos de e-mails recebidos, as toneladas de páginas descobertas pelo mundo virtual, artigos e textos que ficam para uma leitura posterior. O que está acontecendo?

Um amigo uma vez usou a expressão “vida zipada”! Cheguei a ficar assustado... mas às vezes fazemos isso mesmo. Compactamos e arquivamos. 24 horas por dia. Muitos dias sem parar. E fica tudo registrado, tudo em pequenas e grandes caixas em nosso arquivo mental, que um dia e uma hora precisarão ser filtrados e reexaminados.

Você participa da era do imediatismo?

É preciso, como sempre foi, observarmo-nos. É uma tarefa complexa a tal da auto-observação. O truque é perceber os defeitos sem excluir as qualidades, afinal, o sol se derrama de maneira igualitária sobre bons e maus, o que significa dizer que, independente do quanto ainda temos para melhorar, precisamos perceber o quanto já melhoramos. Nossa análise precisa ser justa, na lembrança de Tomás de Aquino, que dizia: justiça sem misericórdia é crueldade; a misericórdia sem justiça é dissolução.

Saudações!

 

* Minha crítica a textos dessa espécie é direcionada tão somente àqueles desprovidos de qualquer informação real, calcados no achismo e sem qualquer correlação com o verdadeiro sentido do objeto tratado. A ideia é boa, mas para ser utilizada é preciso cautela.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Tempo novo à vista!

Hoje é um dia especial, 15 de abril. Aos que me conhecem e conhecem dos meus arredores, sabem que a especialidade do dia é marcada (também) pela presença da minha alma-estrela.

E é em homenagem à essa estrela querida que escrevo esta mensagem, explicando o porque do também.

Sim, como um anunciante que vê a terra após longos dias (meses!) no mar, tempo novo à vista, exprime o meu coração com toda a sua força.

Nessa rápida passagem na amada Terra, muitas são as lições que precisam ser entendidas para que sejamos mais essência, mais ser, mais nós mesmos, moldando-nos com maior precisão ao projeto inicial, quando amorosamente foi lançada a semente da centelha divina no centro de nosso ser. Aí está mais uma das belezas do Criador. O momento pode ser duro, mas nos purifica, nos ilumina, nos deixa mais leves (um viva ao paradoxo!).

Hoje é dia de festa. Festa pelo conquistado e festa pelo porvir, na entrega e na certeza de que somos cuidados e de que tudo será providenciado na medida do que precisamos para dar conta do nosso recado reencarnatório. Ninguém carrega além de suas forças, do contrário, Deus, que é todo bondade e justiça, não seria justo, seria? É dever atentar: a premissa precisa ser adequada à realidade. Enquanto não tomamos ciência da bondade, da beleza e da misericórdia do Criador, concluímos em falácias e ilusões, caímos no equívoco em nos considerarmos joguetes de um destino amargo. O nosso destino, o destino de todos, é a felicidade e somos nós quem tomamos o passo rumo à ela.

Sim, viemos para cá para nos depurarmos e sermos, porque ainda não somos (na completude do termo) e não seremos questionados pelo que fizemos ou deixamos de fazer como outros, mas sim porque não fomos nós mesmos*.

Deixemos a centelha que insistentemente pulsa, brilhar sobre o nosso ego. Na lembrança de Mandela, deixemos brilhar a nossa luz, pois, a nossa luz não nos assusta mais.

Saudações! 

* “Reb Sussia em seu leito de morte, agitava-se de forma angustiada. Seus discípulos assustados inquiriram seu mestre sobre seu comportamento. Reb Sussia disse: "Estou com medo. Com medo do tribunal celeste. Não que tenha medo de ser questionado sobre porque não fui um profeta ou um líder carismático e realizador como Moisés, pois posso sempre esclarecer que não sou Moisés. Não tenho medo tampouco que me questionem porque não fui como o sábio Maimonides, que com seu trabalho mudou a compreensão de uma geração e de todas as que se seguiram. Posso novamente esclarecer que não sou Maimonides. Mas tenho muito medo, verdadeiro terror que me perguntem: "Sussia, porque você não foi Sussia?”. Extraído do texto Rosh Há Shana de Benjamin Mandelbaum.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Fonte das boas ideias e de um bom dia (uma boa vida).

Estava aqui a refletir... por vezes nos colocamos em tão pesada sintonia energética que só atraímos problemas. Quem não conheceu alguém (ou foi alguém) que só vivia reclamando, com expressões pesadas e tormentosas - frases repetidas como "comigo só dá m...", "tinha que ser comigo!" e outras do gênero.
Eu mesmo ontem não estava com os pensamentos nas alturas (mais para "funduras"!!). Mas é preciso mudar. Fazer o movimento, sair do corredor dos maus pensamentos - que se acumulam com uma rapidez absurda - e atravessar a ponte, ficar do lado da Luz.
Somos humanos frágeis, e o Criador sabe disso, entende e não nos julga. Mas nos aplicamos o peso da amarga-amargura, da incredulidade, do desespero em nossas vidas.
É realmente preciso mudar. Dizem que quando se está bem tudo - ou quase tudo, pois se aceita o destino/programa da vida do jeito que ela é - dá certo. É fato: nós atraímos aquilo que repetidamente pensamos e, principalmente, somos conduzidos pelos sentimentos que estão por trás desses pensamentos. Não adianta dizer que a pessoa que está preocupada com $$ vai atrair $$. Não é assim que funciona. Qual é o sentimento por detrás desse pensamento? Existe sim a necessidade do dinheiro, mas o que está presente com mais força, qual o sentimento presente, a fartura/abundância ou o medo/escassez?? Conforme o sentimento, tem-se o resultado. É desse jeito. Assim como você, vi (e vivi) isso na pele. Agora não mais.
O que acredito é que tudo não passa de uma simples questão de hábito, raciocínio e entendimento.
A grande parte dos ocidentais foi inconscientemente educada segundo um padrão equivocado da estrutura do pensamento-sentimento. É preciso mudar essa estrutura, reaprender a forma de pensar e lidar com os pensamentos e vontades. A grande parte dos orientais têm consciência de que um mal pensamento acarreta uma má consequência não para o outro, mas e precisamente para si mesmo.
Da mesma forma que aprendemos essa forma desequilibrada e ignorante sobre como pensar e o que nossos pensamentos podem fazer (positivamente) por nós, precisamos introjetar a maneira positiva de olhar a vida e suas situações. De ver o que existe de belo mesmo naquilo que momentâneo parece feio. Difícil? Esse é o primeiro obstáculo a ser quebrado. A mania de dizer que é difícil.... quem disse isso? Para quem tem esse pensamento estruturado na fartura e na bem-aventurança, difícil é fazer o contrário, difícil é produzir ondas de venenos contra si mesmo, obstar o seu auto-crescimento e o alcance da sua própria felicidade.
E se falar parece mais fácil, vamos colocar o ensino em prática. Vamos tornar esse o nosso hábito. Uma vez entendido como funciona e como podemos ter excelentes resultados em nossas vidas – inclusive e mais importante, ser possível alcançar um padrão de felicidade contínua – a decisão de optar por essa rota acaba sendo óbvia, não é mesmo? Afinal, por quanto tempo ainda queremos sofrer?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Nona de Beethoven.

Ontem dediquei-me mais do que alguns minutos a Beethoven. O que mais me chamou a atenção não foi o primeiro movimento da Sinfonia (allegro ma non troppo, un poco maestoso), com seus trechos marcantes desde o início, num estrondo que imediatamente muda a freqüência do ouvinte e – delicadamente – prepara-o para o que vai vir.
Ao que me parece, Beethoven quis aproveitar toda a orquestra nesta Sinfonia, cada potencial ali presente e, conforme ela vai se desenrolando é possível perceber o uso de todo o conjunto, num trabalho harmônico maravilhoso e realmente complexo. E isso tudo somente no primeiro movimento.
Quando adentra no segundo (molto vivace), após algumas alfinetadas de um arguto violino, Beethoven eleva ainda mais a freqüência, colocando o expectador dentro do ritmo, que vai aumentando, aumentando, envolvendo, envolvendo, retirando-no dos nossos próprios pensamentos. Pan papann pan papan pan papan pan pan Vou confessar, coloquei a música quando estava lendo, mas no primeiro minuto do segundo movimento fechei os olhos, abri um sorriso e deixe-me conduzir pela ondulação dos violinos, flautas, de todo o conjunto misturado e perfeitamente combinado. Ao passar pelo segundo movimento, você já está em outro lugar. Aliás, quando vê, está de Maestro, com as mãos erguidas seguindo voluntariamente o ritmo intenso que adentra o corpo, querendo dar forma à música.
No terceiro (adagio molto e cantabile), o compositor nos dá um momento íntimo. Alivia os instrumentos, elevando-os em doçura e agradabilidade. Após retirar-nos os pensamentos, agora presenteia-nos com a beleza da música, num tom calmo e energizante, belíssimo! 
Então, chegamos ao que interessa. Em Presto, Beethoven se torna Beethoven. Quem não ouve esse movimento e automaticamente se antena (“já ouvi isso....!”). Sim, é aqui que a nona se tornou milenar, conhecida no globo todo e fora dele. Com um pouco de mistério no início, ao toque de um sutil violoncelo, o movimento prende a atenção do ouvinte. Os violinos esboçam um início da nota suprema; os violoncelos voltam; e, em seguida, as flautas. Beethoven brinca com os instrumentos, criando uma atmosfera musical perfeita para trazer à tona o ponto central de toda a inspiração. Prepara os nossos ouvidos e, num tom ao fundo, surge o incompreensível (de tão belo). As notas vão sendo elevadas, mais instrumentos vão sendo incorporados, oh Senhor, muito obrigado! A alma vibra! Um sentimento de felicidade aquece o espírito, você se deixa levar pela magia de Beethoven na sua mais consagrada Sinfonia. Realmente.... é emocionante e maravilhoso.
Beethoven foi incrível. Ao prestar atenção com cuidado na Sinfonia, consegue-se perceber que Beethoven sabia o que fazia. Sua mente musical estruturando toda a harmonia para trazer, de forma perfeita e no momento perfeito, à Ode à Alegria!
No movimento final, as vozes marcantes por um grupo de solistas e um coral dá o toque divino: “O Freunde, nicht diese Töne!
 / Sondern laßt uns angenehmere / anstimmen und freudenvollere” [Ó, amigos, mudemos de tom! / Entoemos algo mais prazeroso / E mais alegre!].
A nona sinfonia incorpora parte do poema An die Freude (“À Alegria”), escrita por Friedrich Schiller. Dizem que foi o primeiro exemplo de um compositor (de porte) a se utilizar da voz humana numa sinfonia como o mesmo destaque dado aos instrumentos, abrindo campo para que o posteriormente viriam trabalhar os românticos (período musical subseqüente).
Que presente! 
Recomendo a sua degustação. Dedique-se, todo o conjunto soma um pouquinho mais de 60 minutos, mas será uma hora de completo presente que você pode se dar!
De se escutar e agradecer.
E o quanto ainda se tem para aprender com a nona de Beethoven.... muito mais do que ouvi-la nove vezes, mas, em lembrança ao Mestre querido, noventa vezes nove (!).
Ah sim, ao tempo da composição e da estréia da nona (7 de maio de 1824), Beethoven já estava completamente surdo.

* Não sou conhecedor de música, tampouco de musica clássica. Aqui deixo apenas minhas simples impressões, como um aprendiz interessado em compartilhar seus sentimentos. Por isso, perdão aos que conhecem e às batatas aos que não compreendem.